sábado, 21 de julho de 2007

Superstar

Invariavelmente, tudo começou numa dessas noites que teimam em não aquecer (Al Gore: o Global Warming é mesmo uma verdade incontinente)
O DJ vagamente reconhecido pela minha retina passou GNR.
”E aos 16 tens o desgosto de vestir como os DJ’s”. E apontou na minha direcção.*



Pensei atirar-lhe directo, sei lá, uma cadeira:
3 - Porque me pareceu que o cinzeiro poderia não lhe acertar.
2 - Tendo em conta o avançado da hora e a minha falta de óculos.
1- E ainda… as minhas in-capacidades desportivas.
0 - Correr, meus queridos-fieis e inteligentes leitores, correr só mesmo para os Saldos o que dá, objectivamente, dois dias de exercício por ano.


Voltei a pensar (o que me acontece muito mais vezes do que correr) se o Reininho e o DJ Neblina não têm razão.
È claro que:
Eu não me visto mal e gostos não se discutem;
Há DJs que se vestem mal. E não, não é o gosto que se discute, mas sim a falta dele.

No entanto e eticamente – hum, hum qual advogada do Diabo paga a vales de gasolineira – têm os Dj’s que se vestir como manequins?
A resposta é também dada pelo Reininho:
Efectivamente, gosto de aparências.
Efectiva e eticamente eu ainda sou do tempo em que os DJ’s não tinham qualquer importância para um club. Um tempo em que as musicalidades eram unânimes e estanques, em que as novidades chegavam a conta-gotas
Vitória. Vitória. Acabou-se a estória.
Elevados ao estatuto de superstars, os deejays são o centro das atenções, o centro da pista, o coração das noites (adoro estes pop-up poético-trashy)
Portanto, dois pontos, a sentença é anunciada.
Se os clientes, para entrarem num espaço, têm de obedecer a um certo status-club, os Dj’s têm de cuidar tanto da imagem como da mala e do material (e ele há para aí cada doença mais esquisita).

Eu, MC, presidente, sócia número 1 e servente de limpeza da Associação Nacional das Mulheres que Gostam de DJ’s Que Tem, no Geral, Bom Ar & São Simpáticos, no Particular delibero:
Fim às t-shirts cabeadas.
Fim às sapatilhas de mola.
Fim à bijutaria barata que oxida ao terceiro disco (deixem isso para mim, sifaxabor).
Fim às tatuagens desbotadas do tempo da Maria-Cachucha.
Fim aos pregos antes, durante e depois das actuações.
Fim à brilhantina.
Fim aos chapéus multicolor.
Fim aos logótipos gigantes.

E por Fim. Fim aos tiques de Superstar. Antes que vos chame o Morrissey. Sim, que aquele “Hang the DJ” não se refere, com certeza, ao Dinner Jacket.




* Na minha companhia estavam alguns Dj’s da nossa praça. Depois de prometer que lhe partia o dedinho apontador, o rapaz já lhe disse a quem se referia. Sortinha: safou-se com uma equimose.