terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Beautiful people. Glamour. Fashion people. Dress Code.

* E um Bom 2008!




De todos os mais comuns, naturalmente em inglês que é malta é assim pró… Deixa-me pensar, ah! Já sei…) Fashion, adjectivos usados para cativar clientes o que mais me espanta não deixa nunca de ser o Dress Code. É como se de repente alguém tivesse pensado: “Eh pah este fim-de-semana gostava de ver os clientes da minha discoteca todos nus. Como não pode ser, bota aí um Dress Code Sporty Chic que e minha mulher leu numa revista que estava na moda”. E lá vai a malta, em alegre rebanhada, comprar leggings e punhos de ténis na tentativa de caber lá nessa linha escrita com mesma ligeireza que beautiful people.

Eu gosto especialmente do beautiful people. Sobretudo porque alguém deve estar convencido que a beleza é um conceito universal e transversal a culturas, idades e sexos. Alguém do que, não me lixem, 95% das pessoas não são top models. São tão normais quanto eu e os meus leitores que também acordam muitas vezes a pensar que tem de mais de bagulho do que de manequim. Os outros 5% que efectivamente são estupidamente bonitos têm de carregar esse fardo – coitados – e ainda lucrar com isso.


É que, geralmente, o flyer do beautiful people vem acompanhado de inúmeras presenças de actores com sonhos de açúcar e manequins saídos do último casting. E dou por mim ao lado deles, numa noite de Glamour: claro, a queixarem-se de que ser bonito é uma seca. Do fundo do meu 1 metro e 65 m olho em torno de uma série de cabeças douradas e sorrisos revestidos com as ultimas tendências e aquele ar de “eu, produzir-me??? Nunca!” que demorou mais de 3 horas a conceber. Tem 18, 20, 23e na sua maioria são manequins mais ou menos conceituados. Avalio o tamanho da desgraça de que se queixam: estão a ser pagos para se divertirem apenas porque são bonitos. Porque alguém decidiu que a beleza que emanam faz deles ícones para outros milhares que nesse preciso momento estão a sonhar com uma vida que, provavelmente, nunca irão ter. Vivem entre dietas, SMS, desfiles e sessões fotográficas. Há os que viajam, os que tem patrocínios de toda a ordem até os que são capa de revista. Não desenvolveram nenhum talento, são bonitos e isso é a sua imagem que marca. Presença. Ser pago para se estar num sítio com copos à borla é das coisas mais maravilhosas que a noite inventou. Não admira portanto que de repente os pais nem considerem que os filhos estudem ou tenham uma adolescência saudável a repleta de brincadeiras. Os pais são os primeiros a empurrar os filhos para castings intermináveis e ferozes de onde resultam, muitas vezes, feridas na auto-estima que vão demorar anos a cicatrizar.

A hora avança enquanto eles brindam ao facto de estarem vivos e poderem escolher qualquer ovelha do rebanho que os olha com a mesma dose de desdém e fascínio, e elas se queixam dos fotógrafos e dos telemóveis que apontam directamente para o decote. Enquanto elas se queixam que é tarde e que os pés já estão a doer. Enquanto elas dizem que já cumpriram o contrato e os sorrisos de cachet se transformam em birras que começam a definir o Dress Code. De pijama, é como deviam passar a noite. Conscientes de que a beleza é só uma época biológica da vida. E que fundamental será sempre quem somos, nunca o que outros vêm. Bem-vindas noites de 2008. Com menos chavões e muito mais vontade de viver. Até já.