quarta-feira, 25 de abril de 2007

Just the Girls

Inesperadamente o CD das Amarguinhas – que é feito de vocês, mulheres, que agora os DJ’s só me passam remisturas pop-chunga das Doce? – apareceu na estante mais barafundiada da história do meu quarto. Meninas, hoje vamos sair! Mas que dia é hoje? Terça? Perfeito, vou só calçar os peep-toe, e espera-me juntinho à janela. Estavam à espera da camisola amarela? Não sejam pindéricos.


Nos últimos anos, dois talvez, habituei-me a ouvir que a culpa da “crise” que se vive na noite é de uma outra noite: a da Mulher:
”Ah, é porque se generalizou!”
”Ah, é porque o ambiente é mau!”
Ah, ah, ah!, respondo eu.
Caso ainda não tenham percebido – uma mulher passa a vida a explicar qualquer coisa a alguém, isso é certo – a Noite da Mulher é altamente producente para casas e clientes.

Há, desde logo, um motivo fulcral para o sucesso destas noites. Elas, nós, vamos sempre e, efectivamente, apostar muito mais na produção. Pensem comigo: como sabemos de antemão que vamos beber à pala a noite toda – ainda que o único bar que nos sirva esteja atolado num lodo inenarrável, ainda que as barmaids desse mesmo bar sejam as mais antipáticas da história da copofonia e, ainda que, tenhamos de estar mais horas na fila do que aquelas que passamos para ir ao Centro de Saúde – é certinho que os trocos que nos sobram não vão pró porquinho-mealheiro (que por esta altura do Campeonato está tão esmiuçados que nem na Passerelle Cibelles desfilava).

Inteligentemente poupados, os euros que gastaríamos a beber vão servir para aumentar a qualidade visual das ditas Noites da Mulher. Fazemos um depósito directo em alguma das mil hipóteses para ficar trendy e sexy ao mesmo preço de duas vodkas limão com groselha. Ou seja, para além de ficarmos ainda mais giras, ajudamos a incrementar a industria têxtil nacional ou outras de países onde os trabalhadores são tão bem pagos quanto: na China, na Ucrânia e até mesmo na Turquia.

Ora o que é que isto significa? Que esta produção patrocinada pelo nosso Club favorito é, obviamente, um isco para o sexo oposto. Elas, nós, vamos para a noite das mulheres porque temos roupa nova – ah! Não me digam que pensavam que até podiam existir motivos mais fortes? – e eles vão, porque nós temos roupa nova para mostrar e ainda não perceberam que, como dizer, pra aí 90% das vezes nos vestimos para a inveja das outras mulheres e não para o babanço dos homens.

Depois, isto na Noite das Mulheres geralmente implica saídas em grupo… com outras mulheres – olha pra eles a arrebitarem a… sobrancelha! - e geralmente isso implica uma certa histeria colectiva que geralmente implica uma grande bebedeira que geralmente implica uma maior capacidade de comunicar…. Mesmo com o rapazinho de meia branca e sensibilidade de um paralelo que nos mandou bocas mais porcas que as tainhas do Douro durante mais de metade da noite.

Na Noite da Mulher ao fim da terceira Oferta no cartão: é tudo lindo. E quando a coisa corre bem, as amigas conseguem amparar-se e acabam a noite de maquilhagem esborratada a chorar pelo sanapismo que deviam ter dado ao ex-namorado, invariavelmente, sacana. Quando corre mal, as amigas conseguem aparar-se num astuto exemplar masculino e provavelmente esborratam a maquilhagem na mesma isto… quando não contribuem para o aumento da taxa da natalidade.

Por isso, Senhores RPs e Promotores cuja criatividade está mais adormecida que a Branca de Neve, há 7 noites por semana para trabalhar… Se uma for da Mulher já sabem que funciona e até já sabem porquê… Em vez de só olharem para os decotes, usem a mioleira e façam como as mulheres: brilhem nas outras 6. Meninas? Vai ser só curtir!

Release Yourself

Para além de todo o aparato que o rodeia, seria absurdo, não dizer que Roger Sanchez tem, provavelmente, uma das vozes mais bonitas da actualidade. E se há uma coisa que eu gosto são timbres.

Por isso para além dos habituais nervos de entrevistar um Top DJ, mal ouvi o primeiro: “-Hello!” a sair das cordas vocais do S-Man, engasguei-me, salivei como o cão do Pavlov a ouvir a campainha que anuncia os REDONs (*) e esqueci-me completamente de todo o que ia -muito inteligentemente, por sinal- perguntar.
Nos 5 segundos que me restavam antes de afundar a minha presunção jornalística, algum fio do meu cérebro –outra presunção!– desligou-se completamente e resolvi admitir que me tinha esquecido de tudo o que tinha, de forma religiosa, preparado para perguntar.

E não é que, para além de uma voz sensual, Roger Sanchez tem uma gargalhada ainda mais cintilante? (Acho que foi nesse momento que o anti-transpirante deixou, também, de funcionar!)
“-That’s the way it shoud be”, atira-me ele pelo canto dos óculos de sol que nunca tira. Pensei, “Damm! porque será que de vez em quando me esqueço que todos os VIP’s, todos os DJ’s, todos os promotores são só pessoas? E Damm! Porque será que teimo em esquecer-me que eles precisam tanto de mim quanto eu deles?”.


Roger Sanchez foi exactamente aquilo que eu esperava de uma conversa fluida, a fugir a todas as regras jornalísticas que aprendi durante 4 anos de Faculdade: bom falante, genialmente simpático, e com muito boa onda… mesmo que eu passasse, em menos de uma pergunta, de carros para roupa, de música para conduzir os Bentley em Ibiza (pronto, esta saiu bem!). Confesso, como tenho entrevistado alguns VIP’s da Portugalandia, estava à espera que um DJ que ganhou um Grammy, que tem um programa que meio-mundo ouve e que vende mais discos que os D’zrt, fosse um tudo ou nada mais difícil.

Mas mais do que tudo isto –mesmo mais do que a voz que ecoa, ainda, nos meus ouvidos– o que marca quando se conhece Roger Sanchez é a calma com que encara todo o sucess, todo o marketing em seu torno. Mais do quer ser Roger Sanchez, ele é o S-Man (qualquer alusão com o Super-Homem e com os sets de 14 horas que faz habitualmente não é coincidência), ele é o Homem de Release Yourself que todas as semanas, como se de um Deus da religião House se tratasse, dita quais são os sucessos do momento e mostra os que hão-de ser. Ele é o Homem que deu a conhecer ao mundo o portuga DJ Grouse (E Roger, obrigada por isso, porque o Grouse é talentoso, é de Beja e é… impagável!)
Sanchez sabe. Sabe que tem um certo Toque de Midas, sabe que tudo o que o que faz se transforma em sucesso. E encara isso com a calma de alguém que esperou 20 anos para editar um primeiro trabalho, com a calma de quem sabe que é um caso único na cena House e com a mesma calma de quem se ri à pergunta: “- É verdade que os teus braços estão no seguro?” (Não, não estão).

Quando se conhece alguém que para nós é um exemplo e essa pessoa corresponde a tudo o que achamos que seria… O que pode acontecer? Ficar tão absolutamente pasmada que se deixa cair o caderninho de notas, que contém metade da nossa vida (Entre CD’s, cartas, Cadernetas do Banco, bilhetes de cinema e a temível lista TO DO), e que se espalha (Ora , pois claro!) por um raio de dois quilómetros no lounge do Hotel mais in do Porto.
“-Oops!” Diz Roger Sanchez.
“-Damm!(devia eu ter respondido) Quem te manda seres quase tão sexy quanto os teus sets?”
Mas Não: Resumi-me a um sorriso acompanhado por uma das minhas frases favoritas:
“- Just… Release Yourself” e saí rapidamente porque o anti-traspirante tinha realmente deixado de funcionar.

E o Óscar vai para…

Acabo de cumprir o meu ritual domingueiro. É um género de esfoliação mental e monetária. Compro, sempre, todas as revistas que encontro. Se possível em línguas que não domine. De todo.
Perguntam se há uma vantagem em não perceber patavina? Só há! O parlapié não me cansa e, como habitual, acabo a olhar pró boneco.
De trapo, é geralmente o estado da alma de qualquer mulher normal depois de folhear estes panfletos de investimento a longo prazo em cremes, roupas e jóias que das duas uma: ou compramos e nunca vamos usar, ou ousamos comprar mas nunca vamos.

Penso sempre: Vá, se fosse ao ginásio. Vá, se não comesse isto e aquilo. Vá: de retro Satanás da perfeição. Fui. Fui ao PC e imprimi em letras garrafais: PHOTOSHOP. Mais barato que os cremes e, acreditem, muito eficaz. Sobretudo quando colado ao espelho em marés-vivas de insegurança provocadas pela proximidade da biquini (este ano dizem-me que é triquini) season. E por falar nisso, BRB: vou só buscar o meu Strawberry Chessecake.

Agora sim, perfeição divina: o meu parlapié estrangeiro, o meu gelado favorito e o meu sofá: tudo (m)eu, tudo (m)eu!
Boa, boa! Palmas para mim que fiz as compras certas! Também tinha de ser, já que a única coisa que tenho (de)lapidada é o cartão de crédito: as maxi-bags continuam na moda. Ele é a Keira, ele é a Kate, ele é a Sienna… E umas páginas mais à frente um instantâneo franzir de sobrolho garante uma ruga até à quinta geração.
Lá estão elas outra vez. Dazzling, nas melhores festas do planeta…com uma clutch mínima na mão. Não há direito. Como é que elas se aguentam? Uma noite inteira, inteirinha, impecáveis, intocáveis e até impermeáveis. A babar-me – qualquer coisa entre o gelado a derreter e o esgar de raiva – voltei ao PC. Abri o meu MSN e disparei a questão essencial para o meu grupo favorito: Sexy Chicas, afinal o que vai na mala quando vamos pra night?
As minhas amigas não são actrizes, eu sei. Mas com elas há sempre filme garantido. E Óscar de principal, que essa coisa de secundários não dá para elas. Foi assim que começou a viagem pelo território inexplorado das pochetes das mulheres portuguesas.

A carteira para a noite tem de ser, definitivamente, pequena. Poupamos os trocos do bengaleiro e ficamos com tudo à mão. Ora, independentemente dos míseros centímetros que possam ter, as ditas têm muito que comportar. E é dado assente, telemóvel, gloss, cartão Multibanco. As 3 coisas não vivem umas sem as outras...Telefone, não vá ele mandar uma mensagem e decidir aparecer; Gloss para dar o toque de ai-nem-estava-nada-a-tua-espera e Multibanco para porra-que-o-boche-é-chato.Fui.
Até aqui achei que as carteiras das minhas Chicas eram perfeitamente normais, logo não condizentes com as personalidades das donas. Resolvi ir mais a fundo nesta questão e enfiar o braço lá dentro.

Ora aí está a verdade escondida (grande filme, by the way). Apesar do tamanho reduzido, a after-party está devidamente contemplada. Lá estavam as pastilhas elásticas, os lenços de papel, um liftof (!!!whatever), preservativos e um golfinho. Estranhei o nocturno amor aos animais e só quando vi a cara de pânico da S. é que percebi a coisa. “Pousa isso”, disse-me ela com ar de cena que dava direito a Óscar. “Então?”, repliquei eu, inocente e parva de todo, “É um porta-chaves! Tão querida”.
-”Anda comigo….
Sabes, M., eu estou farta destas cenas com tipos. Tipos que não sabem o que querem, que nos tratam mal, que galam as outras mesmo à descarada. Tipos que acham que simpatia é disponibilidade, tipos que pensam que uma mulher não pode sair à noite só para dançar. Enfim, o Bambi é o meu amigo especial.”
- ”S., o Bambi é um veado, não um golfinho!”
– ”M., o Bambi é o meu filme favorito, e esta é a minha cena: vibra de 4 maneiras diferentes, é fácil de transportar, nunca adormece e cabe na carteira. O que é que queres mais?”
- “Bem, eu estava de olho no Óscar, mas acho que prefiro uma cena igual à tua.”
- “Ainda por cima também cabe no adereço essencial deste Verão…”
– “Não me digas que também usas com os teus ocasionais toy boys?”
– “Oh M., nas novas wrist-bags!”

Olhei para on espelho nublado do Club e tive a certeza: este vai ser um Verão de filme.

- “E o Óscar, M.?”
– “Ah… esse vai para quem o apanhar.”

Cosplay

De Paula Bobone: Socialíssimo, pagina 253, definição de Réussi: perfeito no seu género.
Cosplay: Sub cultura japonesa cujo objectivo consiste em vestir como as personagens Manga, Anime, Tokusatsu e jogos de vídeo.
Foreplay: Deixamos para outra crónica.


No país à beira-mar plantado, as tradições ainda são o que eram. Noiva que se preze é de branco que se veste, foreplay à parte. Noctívago que mereça o título, é de marca que saí à noite. O objectivo é definido pela mais Social das Tias Tugas. Qual In, qual Fashion, qual Trendy… o que está a dar é ser Réussi, isto é, ser perfeito no seu género. Feminino. Masculino. Assim-assim ou Whatever. Paula Bobone dixit.
Em abono da verdade, é difícil escapar à ditadura da imagem, mesmo na noite, a mais extraordinária e menos considerada das sub culturas mundiais, o Costume Play à portuguesa – servido em elevadas doses ao fim-de-semana – define por excelência que tipo de pessoas és… e o tipo de consideração que mereces.
Há verdades absolutas: um casaco branco com uma camisa preta, neles, com uma calça que aparenta traço de exclusividade vendida a quilo…. Faz logo lembrar o espécimen dentro das quatros linhas. Já qualquer acessório em qualquer cor fosforescente, nelas, pode bem indicar que o corpanzil é fruto de um qualquer descontrole hormonal que não condiz com a idade que o Bilhete de Identidade escarrapacha perante o franzir de olho do Tio atónito.

Mesmo assim o jogo não deixa de ser deliciosamente perverso. O de através do que escolhemos vestir podermos ser quem quer que seja…. Sobretudo à noite… Onde a luz negra insiste em mostrar que, por um despiste momentâneo, vestimos a lingerie branca.
E andamos nós a achar que as calças TK é que estão na moda, olha aí o cabelo a lembrar uma crina, e não te esqueças do chapéu VD. Obsoleto é o mais simpático dos adjectivos para nos classificar. Ainda que o quarto lugar nos coloque nas bocas do mundo e fora do alcance das cabeçadas do Zidane-sem-Réussi.

Sim, que aquele movimento bem que poderia dar um episódio inteirinho de Anime, já que dizem sempre que a ficção se inspira na realidade. Já o contrário é que é novidade. E moda. No país que todos vemos ao regressar a casa, o do sol nascente. Por lá a rapaziada já se deixou de marcas para sair à noite e decidiu que se a vida é um palco, o melhor é sermos mesmo os protagonistas da nossa própria peça.

E é mesmo peça-a-peça que eles se transformam em personagens Manga, Anime, Tokusatsu e saem à noite. Ultra Réussi: Matrix, neles, e lolita gótica, nelas. Em qualquer um dos casos é impossível perceber se as linhas são 4 (ou as que o dinheiro der para comprar) ou se a ninfeta tem realmente idade para usar cinto-de-ligas. A moda chama-se Cosplay (de Costume Play) e transforma qualquer noite aborrecida numa festa-mega-ultra-top. É que em vez de puxar pela imaginação a tentar descobrir de onde terá saído aquela fatiota arregalada, o mais provável é ao fim de 3 minutos já termos visto dois Pokemóns, seis Harry Potter e a horda traumática de personagens do Senhor dos Anéis. Sim, na Nova Zelândia o Cosplay também é moda. Parece que apenas não chegou a Portugal com toda “May the force be with you”. E com muita pena. Eu… já a imaginar históricas e arrepiantes cenas cheias de Padeiras de Aljubarrota, de Dons Afonsos Henriques ou de Antónios Variações em maiô. Ai.

Enquanto não ficamos Tugas-Réussi, fazem-me um favor? Deixem lá os épicos de Foreplay para as 4, paredes, e vamos só ficar com o Cos. Sempre de marca. Evidentemente. Mesmo porque o que importa é sempre deixar os outros de olhos em bico.

VIP

Estou convencida de que, lá bem no fundinho do imaginário de todos os clubbers, existe o desejo intrínseco de um qualquer destes dias pertencer, entrar, subir… à zona VIP. Na versão V.ery I.mportant P.erson e não na versão V.ai-te I.mbora P.orca.
Digo isto assim: a seco. Provavelmente como resultado de uma longa noite regada a um daqueles champagnes que não se vende na loja dos 300. V.ai-te I.mbora P.orcaria. (de ressaca, claro).


A Zona VIP é um território perigoso, quase sempre minado. Há falta de critério definido pela ONU há humanos que tem esse direito e há outros que não, mas a linha (está a valer quanto agora?) é tão fina que muitas vezes não se dá logo por ela.

Tenho de admitir: não fui sempre ultra-gira como sou agora (a modéstia e a agua benta são do melhor que há para o day-after). Longas foram as noites em que o Wilson não me deixava entrar na Industria. Algumas em que o Tiago Pinto Leite me deixou ao frio à porta do River e outras em que percebi longamente a grandeza arquitectónica da fachada do Lux.
Loucas foram as noites em que, efectivamente eles gostaram das aparências, e consegui entrar em espaços para lá de lotados onde o único perfume que se sentia era Eau de sovaco. Um charme.
Invariavelmente, em todos estes locais, havia meia dúzia de gente mais ou menos conhecida que ocupava a zona VIP. Eu chegava a casa amassada, com um odor que se pode definir como um cruzamento manhoso entre chi-charros fumados e bafos resultantes da falta de dentes, invariavelmente, laterais. Os VIPs saíam sempre bem. Secos dos banhos de multidão. Às vezes cristalinos, mas isso é coisa para fornecedor resolver.

Algumas noites, copos e decotes depois dei por mim numa Zona VIP. Ainda estou para perceber o que deu tal direito, mas pelo sim, pelo não resolvi apreciar o momento. Descobri rapidamente que perfeito, perfeito é galar descaradamente a técnica do Dj. Ouvir música é fantástico, mas ver tocar… é outra louça (não admira que na zona VIP geralmente se acabe a noite a partir tudo). Depois, descobri que é giro ser bem tratado. Para variar! Há alguém que responde à nossa sede com um sorriso e até há alguém que pergunta se estamos bem. Em relação aos que estão na pista, aquela massa disforme que pagou pela entrada, que demora horas para conseguir um copo e que encontra um WC mais ordinário que o livro da Carolina Salgado…. Temos pena. (não me chamem já P.orca, estou a curtir os meus 15 minutos de fama e o meu WC tem papel: nhe, nhe, nhe, nhe, nhé!).

Como não há bela sem mestre aprendi rapidamente que para os tímidos – sim, como eu – a Zona VIP não é um espaço assim tão apetecível. As pessoas olham, fazem comentários e tenho a certeza que aquele risinho sarcástico tinha a ver com a minha roupa. Ou, assertivamente, com a falta dela. Demoro uns minutos e uns flutes a recompor a auto-estima. Vejo a música a tocar, tenho espaço para dançar, dirijo-me às duas bimbas com falta de dentuça à esquerda e atiro-lhes a frase letal, aquela que é capaz de fazer qualquer mulher espumar de ódio:
- “Olha filha, sabes qual é vantagem de estar na Zona VIP? É que não estrago os sapatos!!”
E depois desta – crónica – vou inscrever-me na esgrima. Que autodefesa nunca é demais e estou mesmo a precisar de argumentos para comprar uns rasos.




Nota da cronista: Obrigada aos meus amigos VIPS, mais ou menos e nada disso por terem recolhido os meus amados sapatos rosa chique depois de eu me transformar na nova versão da Sandie Shaw:. Like a puppet on a string…..!