quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O dia marcado

Confesso que gosto de dias marcados. Gosto do dia do ginásio, do dia da pescada cozida e do dia de sábado, sobretudo quando já é quase domingo.
Mas há um destes dias com marcação na agenda mundial que me deprime. E é um daqueles que está mesmo a chegar.
Já vi algumas almofadas pirosas a lembrar a celebração e até a minha fozeira florista favorita já se dedica a raminhos de valor super inflacionado só para celebrar o dia dos namorados.


Entendo que depois da euforia natalícia seja necessário que o comércio invente algo mais para espevitar as vendas de inicio de ano, mas não poderia ser um qualquer outro motivo que não o amor? Quem ama precisa de um dia marcado para o mostrar? Quem ama tem de (des)gastar dinheiro num presente quase infantilmente ridículo? Quem ama tem de telefonar para 6 restaurantes diferentes até conseguir reservar uma mesa, lá bem no cantinho, e só disponível a partir das 22h30? O amor não é algo que se celebra todos os dias nos gestos maiores e mais pequenos desde que bombeados pelo orgão que dizem não ter alma, mas que é o mesmo que faz com que tudo tenha sentido?

Confunde-me este tal de S. Valentim que faz com que amor passe a ser visto com os olhos da carteira e não com os do coração. E é por isso que não celebro o dia, nem com m postalinho onde sorriem dois cães que nem sequer são de raça. Na minha vida o 14 de Fevereiro serve para celebrar outra raça: a da minha mãe que nasceu no dia do amor, embora o meu querido avô, com tanta vontade etilica celebrar, até lhe tenha trocado o sobrenome no registo. Nada que uma família que se ama não entenda enquanto troca berros entre a cozinha e a sala a decidir quem põe a mesa e quem abre o vinho. Isto sim é amor. O resto são invenções americanas que os chineses fazem lucrar.