quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Dos RP’s e outros k tais

Tenho por hábito, sem monge, mas ainda muito monga, após o meu banho matinal sentar-me no PC e perceber o que me espera em mais um dia.
Abro o meu Hotmail e dele salto para o Hi5. Alguns comentários, alguns fives e exactamente trinta e seis mil setecentas e cinquenta e oito mensagens.
Humpf. Abro a primeira página para entender que são missivas replicadas até à exaustão por um qualquer RP, de um qualquer Club, por um DJ qualquer, por alguém que acha que uma chain letter o vai fazer enriquecer ou mesmo um qualquer pedido de sangue.

Até suportaria que me inundassem a caixa de informação praticamente inútil caso, na maioria dos casos, não fosse completamente estúpida e sem sentido. Para além de, geralmente, mal escrita, existe até um tipo de linguagem com K e afins que eu simplesmente não consigo entender.

Abro uma das mensagens para ter a certeza que não dei a ninguém o direito de me fazer perder tempo e lá estão eles… os Kapas por todo o lado, num convite que é tudo menos apelativo, que não trás a morada do club, que não me diz quem vai tocar, e sobretudo que me faz sentir apenas mais uma na imensa Guest List de alguém… que não conheço.

Sempre pensei que o trabalhos dos RP’s, e de outros que tais, era um trabalho de humanização nesta nossa industria nocturna. Um trabalho que os levava a tratar os clientes por tu e não a querer enfiar carneiros pelos porta dentro para ganhar o euro de cada cartão. Mesmo porque contar carneiros é coisa que faz dormir.
Percebam RP’s: ainda que vocês trabalhem o vosso segmento de público, e esse possa efectivamente ainda não ter bigode ou maminhas para encher o decote, há também mais gente pela noite. Gente que, vá, gosta de ser bem tratada e gente que tem dinheiro para gastar o que me parece uma mais-valia no cenário de crise instalada.

Gente normal que tem um Hi5 normal para mostrar o seu trabalho ou para estar em contacto com os amigos e gente que não precisa de receber a mesma mensagem 16 vezes. SEGUIDAS. O excesso de informação, também desinforma. Banaliza. Desinteressa.
Mas a koisa não fica por aki. Quando até vou a um desses espaços que tanto me informaram durante a semana, ninguém sabe ao certo quem são os RP’s, onde estão e mesmo o que fazem. É frustante! Penso eu que afinal já tenho uma relação, que há alguém que gosta de mim e depois entendo que é tudo tão falso quanto os Rolex comprados em Cabo Verde (tenho três!!!!) Por isso, façam-me um favor. Quando estiverem colados ao PC a mandar a mensagem de semana, antes de mais escrevem-na direito e depois tentem enviar só uma vez. É que eu sou daquele género de pessoas bastante comum que percebe as coisas à primeira e… quem tem K nem sempre escapa de um carimbo de estúpido bem no meio dos olhos.

Já agora, martinichic.hi5.com & Boas Festas!!!!!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Porto - Ibiza

No regresso de uma semana caliente, não escaldante, em Eivissa dou por mim presa nas 6 horas de espera em Barajas. O corpo pede cama, ou pelo menos, que o mantenha etilicamente feliz de acordo com a (des)regra dos últimos dias.

Como se a Isla Blanca se tivesse transformado num enorme sinal proibido fui avisada por todas as autoridades competentes na matéria que Ibiza, em outubro, não é uma boa opção. Não é seuqer, uma opção. A season já encerrou levando com ela os melhores Dj's do mundo nas miticas noites que fazem desta a balear mais desejada pelos clubbers de todo o mundo (já aos futebolistas aconselho vivamente Palma de Maiorca!)
Na verdade e como procurava mais descanso que festa (sim, que a idade não perdoa e preciso de manter o aka "festas" intacto em território tuga) ignorei os ditos avisos e obviamente fiquei desconcertada quando percebi que até o Café mambo já tinha encerrado as portas àqueles que veraneiam para além do óbvio. Space, Amnésia ou DC 10 já tinham deixado Ibiza como se se quisessem despedir, o mais rapidamente possível, daquele que foi o mais fraco verão dos últimos 10 anos.

Num sábado à noite feito com mil pessoas no Pachá (dez eurinhos para entrar!) a indumentária é mais maiorquina que ibicença, embora o apurado som continue a lembrar que estamos num dos mais míticos Clubs do mundo. À saída, num merchandise onde Ofir tem dois ff's dou por mim a pensar que no meu país à beira-mar plantado nem se está é nada mal.... pelo menos quando o tema é festa.

claro que eu também gosto é do verão, mas sei que não tenho de fazer a festa com prazo marcado. Nos meus ouvidos, ainda que o som possa ser um pouco menos límpido, vão continuar a estar os melhores Dj's do mundo, mesmo enquanto a temperatura desce e de tenha de trocar as amadas sandálias pelas meias opacas (ladies, must-have da estação!)

Não, não... não estou a fazer a apologia da "pobrezinha". Não, não é a treteira história de defender as cores nacionais (eu nem gosto de usar vermelho e verde, DAH!) é a conclusão legitima de quem teve o imenso prazer de conhecer uma Ibiza pitoresca e quase rural num Outubro ainda quente e feito de biquínis.

Já não há Danny Tenaglia, já não há Erick Morillo. Nos espaços que ainda abrem alguma house music dá lugar aos ritmos latinos que agora irão sustentar a crowd que reside na ilha e que tem de ter opções que vão além dos cinco meses onde TUDO se centra na ilha mais cool do mundo. Ou... centrava. Em ibiza, agora, a música se se pode ouvir entre as 6 da tarde e as 6 da manhã deixando um hiato na agenda dos milhares que procuram ritmos non-stop.

Tenho, por isso, para mim que a minha Ibiza é a que vai vencer na próxima season. Uma ilha deslumbrante feita à medida de um sonho de verão, mas como muito menos festa: com data e hora para morrer como se nunca tivesse ousado quebrar uma regra.
Os fins de tarde já são mais frios, sopra um vento que fecha definitivamente portas e janelas... mas o por do sol continua a ser, provavelmente, o melhor do mundo... E enquanto o vento parece apontar a Grécia como o novo destino para a noite sossego o meu lado "festas" a pensar que pelo meu País vão continuar a passar os melhor do mundo. E só por isso, um muito Obrigada.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Auf wiedersehen *

Conheci-o nos meus vintes.
Eu tinha toda a ingenuidade e vontade de viver típica da idade. Ele tinha toda a alegria de viver de alguém que já tinha passado por muitas etapas de uma vida cheia de brilho. De festa.
Eu achava-o um menino que se tinha esquecido de crescer. Embebido num sorriso aberto, num discurso enigmático que a mim parecia um recado sempre mais complexo do que conseguia entender.

Atribuía aos menos vintes essa incapacidade ao mesmo tempo que condenada o chapéu desfasado. Naquele tempo, era tempo de criticar tudo o que não se compreendia e sempre o que nos metia medo por não se compreender. Então aquelas botas lilás…
Por culpa de uma timidez que só agora consigo dominar perdi a grande oportunidade de sorver mais o sorriso e a sabedoria do doutor boémio. Do homem que marcou a memória de tantos espaços, de tantas festas, de tantas noites que não teriam a mesma magia sem a presença do Aires.
O Rui. O Rui de uma geração de anfitriões que já não há. Daqueles que nos faziam sentir em casa em cada noite. Daqueles que criam uma história em cada copo, mesmo que ele fosse só isso: mais um copo de mais uma noite.

Há coisas assim na noite que só podem ser, que só existem dentro dela… Há pessoas de quem gostamos assim, de graça sem que a cumplicidade ou que a amizade sejam mais do que circunstanciais e tão turvas quanto o avançar da hora.
Único na forma de estar, único em cada conversa, único numa forma de viver noite que existe cada vez menos e que perde, assim, mais um bocadinho de magia.
Soube por SMS. Corria curta e fria em todos os telemóveis nessa sexta-feira. Ao princípio pousamos os copos. Não queríamos acreditar. É uma mania humana esta de querer negar o que já se tem como inevitável.

E no meio dos rostos incrédulos alguém começou imediatamente a trautear: “Parapapa!”
Nunca soube, talvez ainda por ingenuidade ou pela timidez me ter feito perder o episódio, o que o Rui queria dizer com este “Parapapa!”, mas dizia. Dizia muitas vezes. Tantas que tenho o jeito na memória. A voz na memória. O sorriso na memória.

A vida não deixa de ser irónica, quando minutos depois o mash up assinado por Henri Josh com Dirty South e Elite Troops rebenta nas colunas. Toda a gente canta em uníssono: “Parapapapapaa!” e de repente sabemos que essa tua magia está cá. Que tu, Rui, com os teus chapéus e botas lilás estarás sempre cá, enquanto para alguns de nós a noite for só e sempre uma festa. Adeus e sempre, para sempre, um muito obrigada.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Rímel, Laca & Companhia.

Eu tenho um probleminha.
São uns tubos que levam gelo, uma palhinha e uma enormidade de calorias que fazem rir. Ai rir! Ai, se fosse só isso! Ai. O proble-minha é que ligo o botão de on e desgraço os ouvidos dos incautos que apanho pelo tímpano.

Há dias um parvalhão (do) auricular disse-me que eu falo mesmo muito. Cabisbaixa, mas de orelhas sempre levantadas olhei para o gelo no fundo do meu copo e achei que estava a mais. Não na conversa – menos, Belchior! -, mas no trio de interlocutores que ansiavam pela minha ausência com tanta pressa quanto conseguimos dizer: Arranjem um quarto!
O WC era a escapatória mais próxima. Lá dentro, nesse reino do pó de arroz, um grupo de guapitas dava os últimos retoques na mascara da segurança que iriam usar nessa noite.
“- Sabes o que eu queria mesmo hoje, amiga? Laca, rímel e um homem! Por esta ordem.”

Pensei que deveria ser exactamente o contrário: que ela deveria querer um homem capaz de apreciar o laquê e esborratar o rímel. Sem ordem. O progresso deveria ter-nos feito acreditar mais no culto do ser do que do parecer, mas parece-me que quem não se parece bem vai sozinho para casa. Que o diga a Jane Fonda que inventou a aeróbica e que aos 70 vende laca de hipermercado enquanto os rappers da treta – alguns até falam mais do que eu! - rimam sublime com Maybelline. E eu tenho um probleminha? A minha mania de botar faladura é mínima comparada à opção de ter laca e rímel em vez de boa companhia.
Será que não vale mais ser uma companhia hiper-mega-ri-fixe – ainda que menos oxigenada, plastificada – do que ser um ser que facilmente se troca por produtos de beleza? È que se realmente o que nos vai na alma deixou de importar alguém que me avise! Que em vez de eu própria, passo a enviar para os in-ventos um poster devidamente passado ao photoshop mais ou menos com a minha altura e nos meus melhores dias.
Há gente irritante. Que los hay, hay. Também há malcheirosos, deprimentes e festeiros. No meio do imenso maranhal de caras, maquilhagens e estilos há sempre alguém que vale mais a pena do que os tubos calóricos, os de rímel e os de laca. Por esta ordem.

- Knoc. Knoc. “Está ocupada?”

Estou. Ocupada a pensar no que será de nós que só sabemos comunicar pelo MSN, pelo Skype, pelo Hi5, pelo ICQ, pelo SMS que nunca expressa a devida emoção. Estou. Com um copo a mais que já estou a deprimir até o rolo de papel higiénico onde desenhei dois olhinhos com o meu lápis Chanel (só para não me sentir tão sozinha, snif).

- “Preciso mesmo de tirar o sapato que me está a magoar e conheci um giro que só quer dançar. Não se importa?”


UFO! (Mariana go home!) Afinal ainda há esperança. Quando finalmente uma mulher junta sapatos e companhia na mesma frase a noite já não pode correr mal. (Só espero que não se distraia e não use o papel Chanel…)

0virgula33gramas

Noventa e dois mil quilómetros depois tinha de acontecer.
Já furaram os dois pneus da frente. Já avariou outras tantas duas vezes. E há uns senhores que dizem que tem um furo no vidro da frente que desliga a centralina (f*%&!!!!). Só faltava mesmo a Operação STOP.

É verdade que o galito, que com sorte ainda acabou em repasto dominical, já afinava umas notas, mas a noite era ainda um pintainho. Pelo menos no meu fuso horário.
Com as patinhas, que nunca acabarão em canja, a gritar socorro devido a uma péssima escolha de sapatos (eu penso que tenho uns Prada, mas na realidade são uns Zara de napa, que valem zero de nada), retirei-me com ares de Cinderela afectada. Pelos copos, tão naturais quanto a sede.

Até que fui parada pelo Pinheiro. O Pinheiro estava a parar toda a gente.
“- Bom dia! Agente Pinheiro, documentos faixafo”
Bom dia? – pensei eu indignada – Se tivesse relógio poderia confirmar a hora. Ah! Vou ver no relógio do carro. f*%&!!!! A centralina está com SPM. Não funciona. Vou ver no telemóvel. Será que eles me podem multar por pegar agora no telefone? O que é que ele queria mesmo?

“ – Os documentos, menina! A menina bebeu?”
Sr. Agente!!! Que calunia! Repare, são quase seis da manhã e é óbvio que não bebi! Aliás como é que lhe passou sequer pelo bigode que as pessoas que saem à noite bebem!? Heresia! Eu só vim mesmo pela música, sabe é que gosto muito desta onda com toques no minimal de nomes como Dubfire ou Tenaglia. Eu acho que é o som de 2008. Familiar com os nomes, por certo?

“ – Sr. Agente Pinheiro, bebi dois licores ao inicio da noite.”
E mais uns três lá pelo meio e um shot perto do fim, mas acha que isso significa que não consigo apanhar uma pulga na sua bigodaça? O Quim Barreiros já viu isso, já? Um tufo desse bigode orgulhoso servia para colar o vidro do meu carro e salvar a centralina! Com um jeitinho ainda reenchia os estofos!

“ – Já fez o teste do balão?”
Assim do balão que me lembre não! Mas fiz à pouco tempo uns testes de resistência no ginásio. E fiz os testes de aptidão no secundário. Não?

“ – Muito bem menina Mariana, vamos lá fazer o teste. Tem de soprar e quando a máquina ler os dados: ela apita”
Bom, está esterilizado. E eu andei anos na natação. E não bebi assim tanto. Posso chamar o meu pai?

“- Hum… 0,33! Está a ver, não era preciso ter medo!”
Medo? Oh Pinheirinho! Medo eu tenho que me acabe a água quente no banho! Não de um balãozito estéril à caça de sopros fora da lei. Que os meus limites imponho eu e sei bem onde eles estão. E se isto fosse no país da minha tia Oprah ainda te processava por presumires que estava com os copos. Aliás isso não se pode fazer? Processar a polícia por desconfiar da nossa palavra? Humpf! Que miséria.


“- Ai, senhor agente: desculpe. Que raio de terreno irregular!!!!”
Ah! Ah! Malévola! Bem me parecia que os sapatos haveriam de ter algum uso nesta noite de caça à multa. Nove centímetros mesmo no dedo mindinho! És grande! És grande, miúda!

– “Vá lá menina, faça boa viagem. Não foi nada. Não foi nada. E porte-se bem. Não saia dos zeros!!”
Obrigada Pinheirinho! Pelo menos tenho a certeza que o tamanho do meu decote te pôs as luzinhas a piscar. Bem feita. Porque aposto que quando chegares a casa bafiento e com um quê de seboso, oleoso até, um STOP é a única coisa que vais levar. E se ela for um zero a soprar… Só tens o que mereces. É porque ela se porta bem, como tu tanto gostas!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Onde não há fumo… Não há fogo!

Engasguei-me. Entalei-me e nunca consegui. Ter o charme da Marlene Dietrich de cigarrilha no canto do lábio com o mesmo ar irónico da nova lei. E não foram elas feitas para se quebrarem?

Tudo começou no banco do jardim em frente à minha escola secundária. Eu gostava de um rapaz que não gostava de mim. Ele fumava. A namorada dele – que vi noutro dia no Shop ao melhor estilo espanador usado – também. Eu não. E como era evidente, ele não gostava de mim por isso.
Por isso eu quis muito fumar, mas não consegui. A ele também não. E ficou-me sempre esse trago amargo de ver charme no gesto despojado de fumar… Ou nas vezes que me teria dado jeito ter um porque não sabia o que fazer com as mãos… Ou com o tempo que, agora nunca, sobra.
Talvez por isso, os ambientes de fumo nunca me incomodaram. Como nas fotografias da minha querida Marlene Dietrich, o fumo que se esfuma dá a tudo um certo ar de mistério. Dispenso, no entanto, cavalheiros que sabem fazer bolinhas, ursinhos ou lavagantes. Obrigadinha, amigos.

Esta nova lei do Tabaco queima-me os neurónios. Ouço várias notícias sobre a queda a pique da natalidade entre os portugueses. E pergunto-me:
Como é que o engate vai acontecer com a naturalidade habitual em 2008 se agora já nem há a desculpa do:
. Fumas?
. Arranjas-me um cigarro?
. Tens lume?
. Isso és tu ou o teu maço de tabaco?

Ou os nossos governantes saem pouco, ou não conhecem a realidade nacional, ou só vão a festas de bandeja ou as três acontecem em simultâneo. Depois não me venham lá dizer que os portugueses coisa e tal não se reproduzem. Claro que não! Onde não há fumo… Não há fogo! E depois, depois coisa e tal e não pode puxar de um cigarro com medo que a companheira ou companheiro chame a polícia?

Além do que… Alguém já se lembrou de nacional-portuguesismo que garante que o fruto proibido é sempre o mais desejado?
Mais!!! Alguém já se lembrou de mim? Que vou ter de sobreviver em WC’s já de si cheios de mori-bundas, agora ainda mais super-lotados com a escapadinha fumegante?
Se têm de existir espaços para fumadores e não fumadores eu quero quartos de banho com os mesmos direitos!
Que se é para viver no reino da hipocrisia, então neste 2008 vamos todos ser fantoches assexuados até entrarmos para o Guiness como o país que tem mais leis impossíveis de fazer cumprir.