terça-feira, 12 de maio de 2009

If in Doubt

Sempre gostei de contar histórias, embora ache que as estórias são sempre as que nos têm mais para dizer. Sou assim em tudo na vida ou não fosse a minha máxima uma velha frase jornalística aplicada aos dias que hoje corremos: “If in doubt, live it out”.

Por isso, por gostar dessas estórias é que não concordo com essa máxima comum e dita pela maioria que o set de um DJ tem de ser uma progressão, que um set perfeito começa no deep e acaba no progressivo. Mas que grande pseudo-chachada !
Ultimamente tenho visto de tudo, DJ’s que tocam mixes acertados em casa, DJ’s que usam o Genius do iTunes para escolher um género de playlist e DJ’s que levam cábulas coladas em CD’s para que nada falhe… São tácticas em prol do publico, e por mim… Está tudo bem. Só não me queiram meter na cabeça que um bom DJ é o que evolui num set, porque isso me parece do mais monótono que pode haver.

Não sei exactamente a fórmula que pode fazer (ou não) um bom DJ, além do que tenho dito nestas mesmas páginas nos últimos meses, mas além de um entertainer, não acho que um DJ tenha de começar a tocar “baixinho” para só explodir quando o seu público já está mais cansado do que entusiasmado.
A magia, se alguns de nós ainda acreditam nela mais do que na precisão técnica, está em tocar com o coração. A música é, acima de qualquer outra coisa, um processo emocional por isso tentar aplicar-lhe a racionalidade de claras a crescer em castelo é, claramente embandeirar em arco e sair da noite sem as donzelas ganhas.

Existe, obviamente, uma ligação lógica entre determinadas malhas, mas desde quando é que os DJ’s se esquecerem que desconstruir pode ser uma mais-valia e realmente fazer a diferença? Ouço muita gente nova a querer entrar neste mercado e a afirmar que nunca tem uma oportunidade… E porque? Porque muitas vezes se limitam a copiar alinhamentos e as formas de tocar dos DJ’s que admiram… e acreditem uma cópia, nunca, nunca é melhor do que o original. Eu ainda acredito que há espaço para toda a gente… sobretudo para aqueles que estão dispostos a contar estórias e não histórias! Para isso já chegam os ditos discos que começam e acabam no mesmo ponto, como que rodando sem nunca sair do lugar. E para se ser mais do que apenas medíocre, há que arriscar.


Há dias, num fórum sobre DJs chamaram-me “ridícula”. O elogio não podia ser maior. Porque nos meus sets há sempre muito coração e porque eu amo o que faço. E claro, todos os amores têm o seu quê de ridículo. E depois…já sabem, esta crónica acaba como começou: “If in doubt, live it out”. Para os sets ficam as surpresas sempre com o coração a comandar os beats. Sim, é ao ritmo da música que bate o meu coração.

4 comentários:

code disse...

hmm...

eu sou dos que acha que se devem respeitar as semelhanças musicais entre as músicas, desde o género ao nível de notas dominantes, passando pelas inevitáveis batidas por minuto.

não faço disso uma ciência exacta e tento reservar sempre a análise decisiva usando o ouvido e a sensibilidade psicológica perante os diferentes tipos de emoções que se sentem no momento quando em comparação com o que a música seguinte nos pode dar.

acredito na técnica mas isso não me impede de acreditar na inspiração.

concordo totalmente quando dizes que os djs não devem ser cópia de ninguém, e digo mais, não são só os djs... acredito no individualismo e na autenticidade em qualquer aspecto da vida. gosto da diferença e não é certamente copiando que a alcançaria.

um dos aspectos fundamentais onde penso que o dj pode fazer a diferença é exactamente naquilo que ultimamente mais falta na noite portuguesa que é inovação na sua selecção musical. nunca fui um tipo de modas e mete-me confusão quando sou capaz de ouvir a mesma coisa em tantos sítios diferentes.

não sei qual foi o fórum em que te chamaram de ridícula, frequento alguns, se calhar até conheço esse, ou se calhar não. uma coisa é certa, pela maneira correcta e lógica como expuseste a tua visão sobre o assunto aqui, quem disse isso está muito provavelmente enganado.

p.s.: por acaso não tens um set teu aí perdido pela net que possa ouvir? :)

André.

PB disse...

Gostei da tua escrita e partilho de algumas opiniões tuas. Pena não escreveres mais assiduamente e apenas te centrares nesta temática.
Voltarei.
Saudações

Anónimo disse...

A tua escrita é boa como tu.

rady disse...

Concordo plenamente contigo, eu bem que já tentei ser DJ mas não é porque corra mal ou porque não tenha a batida mas não sinto o mesmo avontade que na pista de dança. Ainda não tenho aquele avontade de fazer transmitir e conseguir expressar-me de forma a que quem estava a ouvir sinta a minha sintonia. ;) fica bem. Estou contando os dias para te ouvir pela primeira vez. Espero que sejas mais do que tou a espera. kiss***