quinta-feira, 29 de abril de 2010

Do apogeu e da queda

A palavra mais repetida nos últimos meses, anos, é crise. Tudo e todos estamos em crise. Desde que acordamos até ao anoitecer. E mesmo nos nossos pesadelos a palavrinha que nos arruína a vida, não desiste. Está lá a todas as horas, menos às 05h39 da Foz do Porto.

De regresso de um DJ set (obrigada Arcádia, já agora!) resolvi fazer uma paragem para re-abastecimento nocturno no muito badalado Bela Cruz. Além do feedback que tenho recebido enquanto local onde se quer estar, nesse Club trabalham amigos.

Eram 05h39 de uma noite de sábado e do Club emanava o mega playlist hit Babylonia. Depois de encontrar, com dificuldade, um lugar para o meu smart: retoquei o gloss e fiz-me ao piso.
Nos 2 metros em que caminhei até ao bela Cruz pensei no shot que ia beber com o Alexandre, no sorriso que ia trocar com a Sandra e na cumplicidade com a Sónia e com a Inês.
Feliz, sorri à deslambida que estava à porta.
Ela, no seu salto da Feira Internacional de Custoias lá conseguiu informar-me, com o maior tom de frete possível, que o porteiro já tinha ido embora: “não tenho cartões, não dá para entrar”.
Aleguei que queria cumprimentar um amigo: “coisa para dez minutos”. Dupla negação.
O meu fígado, agradece. Isto fechará as 05h00? Quando é que em Portugal se começa a trabalhar à comissão?

Dormiria calmamente sobre o assunto se não me lembrasse da dita crise. A crise que também afecta a noite e que fecha clubs, às vezes pela falta de clientes ou, se calhar, pela forma como os mesmos são tratados.
Quando os espaços estão em alta conseguem descurar pormenores tão vitais quanto a recepção ao cliente, mesmo que a resposta possa ser um simpático: “O Club está lotado”. No apogeu somos todos heróis.
Depois, erro sob erro, chega a queda. É aquela altura em que as portas estão abertas de par em par e são os clientes que optam por passar ao lado.
Muito ao lado é ter na porta pessoas sem formação para um trabalho que requer educação e requinte. E num pormenor tão pequeno (quanto a forma como se indica que não é possível a entrada) conseguir arruinar o trabalho de toda uma equipa. É que como dezenas de outros anónimos… Ainda sei onde quero gastar o meu dinheiro e como quero ser atendida. Cruz credo! Estou de “Bela” aviada para outras paragens com aragens que não me cheirem a crise…. De valores!

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