quarta-feira, 25 de abril de 2007

Release Yourself

Para além de todo o aparato que o rodeia, seria absurdo, não dizer que Roger Sanchez tem, provavelmente, uma das vozes mais bonitas da actualidade. E se há uma coisa que eu gosto são timbres.

Por isso para além dos habituais nervos de entrevistar um Top DJ, mal ouvi o primeiro: “-Hello!” a sair das cordas vocais do S-Man, engasguei-me, salivei como o cão do Pavlov a ouvir a campainha que anuncia os REDONs (*) e esqueci-me completamente de todo o que ia -muito inteligentemente, por sinal- perguntar.
Nos 5 segundos que me restavam antes de afundar a minha presunção jornalística, algum fio do meu cérebro –outra presunção!– desligou-se completamente e resolvi admitir que me tinha esquecido de tudo o que tinha, de forma religiosa, preparado para perguntar.

E não é que, para além de uma voz sensual, Roger Sanchez tem uma gargalhada ainda mais cintilante? (Acho que foi nesse momento que o anti-transpirante deixou, também, de funcionar!)
“-That’s the way it shoud be”, atira-me ele pelo canto dos óculos de sol que nunca tira. Pensei, “Damm! porque será que de vez em quando me esqueço que todos os VIP’s, todos os DJ’s, todos os promotores são só pessoas? E Damm! Porque será que teimo em esquecer-me que eles precisam tanto de mim quanto eu deles?”.


Roger Sanchez foi exactamente aquilo que eu esperava de uma conversa fluida, a fugir a todas as regras jornalísticas que aprendi durante 4 anos de Faculdade: bom falante, genialmente simpático, e com muito boa onda… mesmo que eu passasse, em menos de uma pergunta, de carros para roupa, de música para conduzir os Bentley em Ibiza (pronto, esta saiu bem!). Confesso, como tenho entrevistado alguns VIP’s da Portugalandia, estava à espera que um DJ que ganhou um Grammy, que tem um programa que meio-mundo ouve e que vende mais discos que os D’zrt, fosse um tudo ou nada mais difícil.

Mas mais do que tudo isto –mesmo mais do que a voz que ecoa, ainda, nos meus ouvidos– o que marca quando se conhece Roger Sanchez é a calma com que encara todo o sucess, todo o marketing em seu torno. Mais do quer ser Roger Sanchez, ele é o S-Man (qualquer alusão com o Super-Homem e com os sets de 14 horas que faz habitualmente não é coincidência), ele é o Homem de Release Yourself que todas as semanas, como se de um Deus da religião House se tratasse, dita quais são os sucessos do momento e mostra os que hão-de ser. Ele é o Homem que deu a conhecer ao mundo o portuga DJ Grouse (E Roger, obrigada por isso, porque o Grouse é talentoso, é de Beja e é… impagável!)
Sanchez sabe. Sabe que tem um certo Toque de Midas, sabe que tudo o que o que faz se transforma em sucesso. E encara isso com a calma de alguém que esperou 20 anos para editar um primeiro trabalho, com a calma de quem sabe que é um caso único na cena House e com a mesma calma de quem se ri à pergunta: “- É verdade que os teus braços estão no seguro?” (Não, não estão).

Quando se conhece alguém que para nós é um exemplo e essa pessoa corresponde a tudo o que achamos que seria… O que pode acontecer? Ficar tão absolutamente pasmada que se deixa cair o caderninho de notas, que contém metade da nossa vida (Entre CD’s, cartas, Cadernetas do Banco, bilhetes de cinema e a temível lista TO DO), e que se espalha (Ora , pois claro!) por um raio de dois quilómetros no lounge do Hotel mais in do Porto.
“-Oops!” Diz Roger Sanchez.
“-Damm!(devia eu ter respondido) Quem te manda seres quase tão sexy quanto os teus sets?”
Mas Não: Resumi-me a um sorriso acompanhado por uma das minhas frases favoritas:
“- Just… Release Yourself” e saí rapidamente porque o anti-traspirante tinha realmente deixado de funcionar.

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