quarta-feira, 25 de abril de 2007

Cosplay

De Paula Bobone: Socialíssimo, pagina 253, definição de Réussi: perfeito no seu género.
Cosplay: Sub cultura japonesa cujo objectivo consiste em vestir como as personagens Manga, Anime, Tokusatsu e jogos de vídeo.
Foreplay: Deixamos para outra crónica.


No país à beira-mar plantado, as tradições ainda são o que eram. Noiva que se preze é de branco que se veste, foreplay à parte. Noctívago que mereça o título, é de marca que saí à noite. O objectivo é definido pela mais Social das Tias Tugas. Qual In, qual Fashion, qual Trendy… o que está a dar é ser Réussi, isto é, ser perfeito no seu género. Feminino. Masculino. Assim-assim ou Whatever. Paula Bobone dixit.
Em abono da verdade, é difícil escapar à ditadura da imagem, mesmo na noite, a mais extraordinária e menos considerada das sub culturas mundiais, o Costume Play à portuguesa – servido em elevadas doses ao fim-de-semana – define por excelência que tipo de pessoas és… e o tipo de consideração que mereces.
Há verdades absolutas: um casaco branco com uma camisa preta, neles, com uma calça que aparenta traço de exclusividade vendida a quilo…. Faz logo lembrar o espécimen dentro das quatros linhas. Já qualquer acessório em qualquer cor fosforescente, nelas, pode bem indicar que o corpanzil é fruto de um qualquer descontrole hormonal que não condiz com a idade que o Bilhete de Identidade escarrapacha perante o franzir de olho do Tio atónito.

Mesmo assim o jogo não deixa de ser deliciosamente perverso. O de através do que escolhemos vestir podermos ser quem quer que seja…. Sobretudo à noite… Onde a luz negra insiste em mostrar que, por um despiste momentâneo, vestimos a lingerie branca.
E andamos nós a achar que as calças TK é que estão na moda, olha aí o cabelo a lembrar uma crina, e não te esqueças do chapéu VD. Obsoleto é o mais simpático dos adjectivos para nos classificar. Ainda que o quarto lugar nos coloque nas bocas do mundo e fora do alcance das cabeçadas do Zidane-sem-Réussi.

Sim, que aquele movimento bem que poderia dar um episódio inteirinho de Anime, já que dizem sempre que a ficção se inspira na realidade. Já o contrário é que é novidade. E moda. No país que todos vemos ao regressar a casa, o do sol nascente. Por lá a rapaziada já se deixou de marcas para sair à noite e decidiu que se a vida é um palco, o melhor é sermos mesmo os protagonistas da nossa própria peça.

E é mesmo peça-a-peça que eles se transformam em personagens Manga, Anime, Tokusatsu e saem à noite. Ultra Réussi: Matrix, neles, e lolita gótica, nelas. Em qualquer um dos casos é impossível perceber se as linhas são 4 (ou as que o dinheiro der para comprar) ou se a ninfeta tem realmente idade para usar cinto-de-ligas. A moda chama-se Cosplay (de Costume Play) e transforma qualquer noite aborrecida numa festa-mega-ultra-top. É que em vez de puxar pela imaginação a tentar descobrir de onde terá saído aquela fatiota arregalada, o mais provável é ao fim de 3 minutos já termos visto dois Pokemóns, seis Harry Potter e a horda traumática de personagens do Senhor dos Anéis. Sim, na Nova Zelândia o Cosplay também é moda. Parece que apenas não chegou a Portugal com toda “May the force be with you”. E com muita pena. Eu… já a imaginar históricas e arrepiantes cenas cheias de Padeiras de Aljubarrota, de Dons Afonsos Henriques ou de Antónios Variações em maiô. Ai.

Enquanto não ficamos Tugas-Réussi, fazem-me um favor? Deixem lá os épicos de Foreplay para as 4, paredes, e vamos só ficar com o Cos. Sempre de marca. Evidentemente. Mesmo porque o que importa é sempre deixar os outros de olhos em bico.

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